Brasília – Uma missão de representantes da indústria embarca hoje 
(15) para Washington, capital dos Estados Unidos, com o objetivo, entre 
outros, de discutir um acordo de livre comércio entre os dois países. A 
viagem, organizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 
incluirá visita a órgãos do Poder Executivo e ao Congresso 
norte-americano. A missão participará ainda da reunião anual do Conselho
 Empresarial Brasil-Estados Unidos, formado por representantes do setor 
privado dos dois países.
O gerente executivo de Comércio Exterior da CNI, Diego Bonomo, disse 
que a agenda comercial entre o Brasil e os Estados Unidos não pode parar
 em função do momento tenso, causado pelas denúncias de espionagem. “A 
questão da espionagem é grave e o Brasil faz bem em se posicionar de 
maneira assertiva. Mas Estados Unidos e Brasil têm momentos de 
aproximação e distanciamento. A agenda econômica e comercial vem 
avançando independentemente desses ciclos. Houve distanciamento em 2010 
por conta da negociação com Turquia e Irã [o Brasil intermediou acordo 
para troca de urânio]. No entanto, em 2011, Obama veio ao Brasil e 
assinou acordos de cooperação comercial”, lembra. Segundo ele, a CNI não
 se posicionará por enquanto sobre a possibilidade de ter havido 
espionagem com fins econômicos.
Bonomo explicou que a missão de empresários atuará em Washington 
partindo da premissa de que será mantida a visita da presidenta Dilma 
Rousseff aos Estados Unidos. Desde que o escândalo da espionagem veio à 
tona, o Palácio do Planalto ainda não se manifestou sobre o que 
acontecerá com a viagem, marcada para outubro. “Vamos discutir o que 
terá de interesse do setor privado nessa visita [da Dilma]”, disse o 
gerente-executivo. Outro tema em pauta será um acordo comercial 
envolvendo o mercado brasileiro e o norte-americano.
“Queremos fomentar uma discussão sobre um potencial acordo comercial.
 Há dez anos os Brasil e Estados Unidos não têm discussão formal sobre 
liberalização do comércio. A última foi em 2003, na reunião em Miami da 
Alca [Acordo de Livre Comércio das Américas, que enfrentou dificuldades 
de implementação]”, destacou. Para Bonomo, o momento é oportuno para 
retomada da discussão, já que os EUA dão sinais de recuperação da crise 
econômica. “Eles vão sair com economia aquecida da crise e estão com uma
 agenda de acordos agressiva. O acordo deles com os europeus pode 
excluir os brasileiros desses dois mercados. Temos de nos posicionar 
para não perdê-los”, avalia.
Um indicativo do interesse do país em negociar um acordo com os 
brasileiros é que no Congresso norte-americano há uma frente de 35 
parlamentares criada para discutir a agenda entre o Brasil e os Estados 
Unidos, especialmente a econômica. “Esses parlamentares querem criar uma
 comissão só para o Brasil. Esse será o tema discutido [na visita ao 
Congresso]”, disse Diego Bonomo.
Na visita também serão debatidas questões espinhosas, como a 
aprovação da nova lei agrícola dos Estados Unidos. A legislação atual, 
que expira em 30 de setembro, incorpora os subsídios ao algodão 
concedidos pelo país norte-americano, considerados abusivos pela 
Organização Mundial do Comércio (OMC). Atualmente, os EUA fazem 
pagamentos anuais de US$ 147 milhões ao Instituto Brasileiro do Algodão 
como forma de compensação. “O ambiente político não é favorável [a uma 
nova lei que exclua os subsídios], mas vamos marcar nossa posição ou 
exigir que a compensação continue”, declarou. Outro tema em pauta serão 
potenciais novas barreiras ao etanol brasileiro.
Fonte: Agência  Brasil
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