Brasília – Pela primeira vez, o senador boliviano de oposição Roger
Pinto Molina, de 53 anos, prestará depoimento à Justiça do Brasil desde
que chegou ao país há duas semanas. O parlamentar será ouvido no próximo
dia 12, às 14h30, na 4ª Vara da Justiça, em Brasília. O testemunho de
Molina faz parte do processo de retirada da Bolívia, no último dia 22,
coordenado pelo encarregado de Negócios do Brasil em La Paz, Eduardo
Saboia.
“O senador será ouvido em juízo com vistas a preservar provas que
podem ser importantes. A expectativa é que ele [Pinto Molina] ateste a
verdade e relate todo o processo vivido”, ressaltou à Agência Brasil o advogado Ophir Cavalcante Junior, que defende o diplomata Eduardo Saboia.
Pinto Molina ficou 455 dias abrigado na Embaixada do Brasil na
Bolívia. Ele foi retirado da Bolívia rumo ao Brasil em uma operação,
organizada por Saboia, desencadeando uma crise diplomática. O então
chanceler Antonio Patriota foi substituído por Luiz Alberto Figueiredo
Machado. Em junho de 2012, o Brasil concedeu asilo diplomático ao
senador, mas o governo boliviano não deu o salvo-conduto para ele deixar
o país.
No Brasil há 15 dias, Pinto Molina é classificado como um
“delinquente comum” pelo governo boliviano. O senador nega as acusações
relativas a desvios de recursos públicos e corrupção. No total, são mais
de 20 processos.
Na semana passada, esteve em Brasília uma missão boliviana de alto
nível, formada por três ministros integrantes do Ministério Público, que
apresentou documentos ao Ministério da Justiça sobre os processos
judiciais envolvendo Pinto Molina.
Paralelamente, Saboia é alvo de investigações de uma comissão de
sindicância, formada por dois embaixadores e um auditor da Receita
Federal. O grupo apura as responsabilidades do diplomata na retirada de
Pinto Molina da Embaixada do Brasil na Bolívia. O ex-encarregado de
Negócios é acusado de quebra de hierarquia. A defesa nega.
Fonte: Agência Brasil
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