Um dia após o governo federal ameaçar ir à Justiça contra os conselhos
médicos que não entregarem registros provisórios aos profissionais do
Mais Médicos formados no exterior, a classe médica manteve a posição e
ainda impôs novas condições ao Ministério da Saúde.
Esse embate, na prática, coloca em risco a estreia do programa federal, marcado para a próxima segunda.
Sem esses registros provisórios, os 682 profissionais, sendo 400 cubanos, não poderão atuar nos postos de saúde dos municípios.
A estreia deles estava marcada para anteontem, mas teve de ser adiada em
uma semana por causa de dezenas de ações na Justiça movidas pelos CRMs
(Conselhos Regionais de Medicina) contra o programa federal.
O Mais Médicos prevê a participação de profissionais formados no
exterior sem a prova de revalidação do diploma. A classe médica é contra
e cobra na Justiça a exigência do chamado Revalida.
Em Minas, o presidente do CRM local, José Soares, disse que renunciará ao cargo caso a Justiça mantenha a dispensa do Revalida.
"Não vou assinar isso [registros provisórios aos médicos] da forma como
estão propondo. Se forçarem, tenho a alternativa de deixar o meu cargo, a
contragosto", disse.
Nessa queda de braço, cada lado apresenta um entendimento sobre a
legislação do programa que visa reduzir o déficit de médicos nas
periferias das capitais e no interior.
Segundo o governo, ao receberem os pedidos desses registros, os
conselhos regionais de medicina não podem exigir documentos não
previstos na medida provisória que criou o programa. Caso contrário,
estarão cometendo ação de improbidade administrativa.
Já os CRMs, para liberar os registros provisórios, impõem uma série de
condições. Entre elas: diplomas traduzidos para o português, lista dos
tutores regionais do programa e relação completa com nomes dos médicos e
municípios onde atuarão.
O CRM da Bahia, por exemplo, exige ainda que os médicos compareçam
pessoalmente na sede do conselho para verificação de assinaturas e
impressões digitais.
"É assim para se tirar qualquer documento. A pessoa tem que assinar, ela
própria, diante de um agente público. É uma exigência natural", afirma
José de Meneses, presidente do CRM da Bahia.
Segundo a regra do programa, os CRMs têm 15 dias para emitir o registro, após a entrega da documentação.
Alguns conselhos, como o de Pernambuco e o do Amazonas, somente começam a
contar o prazo após tirarem todas as dúvidas com o Ministério da Saúde.
No Rio Grande do Sul, os processos estão "parados" no aguardo das
respostas da pasta.
Em São Paulo, esse prazo de 15 dias vence na terça-feira, quando os médicos já deveriam estar trabalhando.
No Paraná, o conselho negou registro a 20 estrangeiros que estão no
Estado por "falta de segurança documental". Segundo o órgão, não há
tradução juramentada dos diplomas e, em dois casos, os documentos vieram
trocados.
Segundo o presidente do CRM paraense, Alexandre Bley, ficou demonstrado o
"amadorismo" e a "extrema falta de zelo" do ministério. "Quem conferiu a
veracidade dos diplomas, já que recebemos apenas cópias?"
Fonte:UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário