O copiloto da Germanwings, que supostamente jogou de forma
proposital o Airbus A320 nos Alpes franceses, esteve seis meses sob tratamento
psiquiátrico antes de completar sua formação, afirmou nesta sexta-feira o
jornal alemão "Bild" e teria escondido que estava de licença devido a
uma doença no dia da tragédia, anunciou a procuradoria de Dusseldorf, segundo a
agência AFP.
A procuradoria de Düsseldorf informou nesta sexta-feira que
o copiloto tinha recebido um atestado médico de dispensa por doença, vigente
para o dia da catástrofe, que não respeitou e ocultou da companhia. Na
Alemanha, o fornecimento de atestados do tipo são comuns.
O porta-voz da procuradoria disse num comunicado escrito que
um atestado médico rasgado com data do dia do acidente 'apontam na mesma
direção das suspeitas iniciais de que o copiloto escondeu sua condição médica
de seu empregador e colegas'.
Fontes da promotoria negaram, por outro lado, que nas
revistas realizadas em suas casas tenha sido encontrada uma carta de despedida,
"nem indícios que apontem para um cenário político ou religioso".
Os investigadores encontraram na residência de Andreas Lubitz
atestados de licença médica detalhados, que o copiloto teria rasgado e que
correspondiam ao dia dos fatos, terça-feira passada, informou a procuradoria em
um comunicado, sem revelar a doença da qual ele recebia tratamento.
De acordo com o jornal, que cita como fontes "círculos
da Lufthansa", as razões pelas quais Lubitz, de 27 anos, interrompeu sua
formação, em 2009, se deveram a uma grave depressão diagnosticada nesta época.
O 'Bild' também informa que Lubitz teria terminado uma relação com sua noiva
semanas antes do acidente e que passava uma situação emocional delicada.
A edição digital da revista "Der Spiegel" afirma,
além disso, que nas operações realizadas ontem durante horas nas duas casas do
copiloto - a de seus pais e a própria, em Düsseldorf - foram apreendidos
materiais que respaldam a tese dos transtornos psíquicos.
A revista não apresenta, no entanto, mais detalhes sobre os
materiais apreendidos.
O "grave episódio depressivo" a que se refere o
"Bild" ficou constatado, segundo o jornal, na ata sobre o copiloto do
departamento de tráfego aéreo alemão sob o código "SIC", que se
refere à necessidade de que sujeito em questão se submeta a "revisões
médicas regulares".
Vizinhos, contudo, descrevem o copiloto como algué,
"extremamente saudável"
"Ele não fumava e se cuidava muito. Sempre corria e
acho até que participava de maratonas", disse Johannes Rossmann, uma
vizinha sua em Montabaur, cidade próxima a Koblenz, na Alemanha.
A mídia alemã tem descrito Lubitz como um homem depressivo,
que estava sob tratamento psiquiátrico, mas a procuradoria se recusa a dar mais
informações citando confidencialidade médica.
O fato de que o copiloto que causou a catástrofe aérea tenha
interrompido durante um período relativamente longo sua formação na escola
aérea da Lufthansa foi reconhecido ontem pelo presidente da companhia, Carsten
Spohr.
Lubitz começou sua aprendizagem aos 14 anos em um clube de
aviação local e ingressou na escola de Brêmen da Lufthansa em 2007. ele tinha
uma licença de terceira classe expedida pelas autoridades americanas para voar.
Tal autorização é concedida somente a pilottos comprovadamente livres de
problemas psiquiátricos como psicose, bipolaridade e distúrbios de
personalidade.
Em 2009 interrompeu por alguns meses essa formação, que
retomou posteriormente até ingressar na Germanwings, filial de baixo custo da
Lufthansa, em 2013.
Spohr reforçou ontem que, tanto ao ingressar na escola como
ao retomar e completar sua instrução, Lubitz passou pelos mais rigorosos
exames, tanto físicos como mentais.
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